Instituto Pensar - Dia do Jornalista: violência contra profissionais cresce no Brasil

Dia do Jornalista: violência contra profissionais cresce no Brasil

por: Igor Tarcízio 


Brasil é o país que registra o maior número de mortes de profissionais da imprensa no mundo em decorrência da Covid-19 (Imagem: Reprodução/Reuters)

Nesta quarta-feira (7) é celebrado o Dia do Jornalista, data comemorativa que exalta os profissionais responsáveis por apurar e levar a informação a sociedade. Parlamentares socialistas parabenizaram a missão dos jornalistas em meio a crise sanitária e econômica causada pela Covid-19 e diante de um governo que profere ataques diretos à classe.

O líder da Oposição na Câmara dos Deputados, deputado Alessandro Molon (PSB-RJ) homenageou os profissionais de imprensa, que "seguem firmes na missão de informar, mesmo em meio aos riscos da pandemia e aos constantes ataques do atual governo?.

"Em tempos de negacionismo e desinformação, valorizar o bom jornalismo agora mais do que nunca!?, escreveu a deputada federal Lídice da Mata (PSB-BA), saudando os profissionais que prezam pela "apuração e verdade sempre?.

O deputado socialista Camilo Capiberibe (PSB-AP) afirmou que durante a pandemia, os jornalistas têm sido "incansáveis na divulgação de notícias, dados, orientações e sobretudo no combate?.

"Mais do que transformar os fatos em notícias, jornalistas são responsáveis por perpetuar os acontecimentos na história. Parabéns a todos eles pelo seu dia?, escreveu o presidente do PSB Sergipe, deputado Valadares FIlho.

Vidas de profissionais perdidas

A categoria tem pouco o que comemorar no Brasil. Um recente estudo da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) expôs que o país registrou o maior número de jornalistas mortos por Covid-19 no mundo. Foram 169 mortes registradas de abril de 2020 a março de 2021, superando o Peru, que registra pouco menos de 140 mortes. O dado faz parte do dossiê "Jornalistas vitimados por Covid-19?, divulgado na terça-feira (6).

O relatório também mostra que, em apenas três meses de 2021, o número de óbitos ultrapassou todo o ano de 2020. No ano passado, foram registradas 78 mortes de abril a dezembro. Em 2021, são 86 vítimas, percentual 8,6% maior que o total de 2020.

"Os 169 casos apurados até agora são resultado da necropolítica do governo federal. Os números mostram a urgência da sociedade se posicionar contra o governo genocida de Jair Bolsonaro?, afirma Norian Segatto, diretor do Departamento de Saúde da Fenaj e responsável pela sistematização do dossiê.

Segatto ressalta que, no primeiro trimestre de 2021, a média é de 28,6 mortes de jornalistas por mês. "Os números são alarmantes, mas vamos continuar cumprindo nosso papel, porque informação verdadeira também ajuda a salvar vidas?, adianta a presidenta da Fenaj, Maria José Braga.

O pivô: Bolsonaro

Com o dobro de casos registrados em relação ao ano anterior, 2020 foi o ano mais violento para jornalistas brasileiros desde quando a Fenaj passou a contabilizar os índices de violência contra profissionais da imprensa, no início da década de 1990.

De acordo com relatório divulgado em janeiro, foram registrados 428 casos de violência contra jornalistas em 2020. Em 2019, o país teve 208 ocorrências. O principal agressor de jornalistas, segundo o levantamento, é o presidente Jair Bolsonaro.

Homens são 65% das vítimas da violência em decorrência do exercício da função de jornalistas. A maior parte do total de agressões foi registrada no Centro-Oeste (48,55%), seguido de Sudeste (28,26%), Sul (10,87%), Nordeste (6,88%) e Norte (5,44%).

"A explosão de casos está associada à sistemática ação do presidente da República, Jair Bolsonaro, para descredibilizar a imprensa e à ação de seus apoiadores contra veículos de comunicação social e contra os jornalistas?, afirma a Fenaj no relatório.

Ainda de acordo com a entidade, a ação de tentar retirar a credibilidade da imprensa começou em 2019 e agravou-se em 2020, "quando a cobertura jornalística da pandemia provocada pelo novo coronavírus foi pretexto para dezenas de ataques do presidente e dos que o seguiram na negação da crise sanitária?.

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Esse tipo de ação foi a mais frequente contra jornalistas em 2020. Dos 428 casos, 152 (35,51%) foram de discursos que buscavam desqualificar a informação jornalística. Sozinho, Bolsonaro foi responsável por 145 dos casos de descredibilização da imprensa, por meio de ataques a veículos de comunicação e a profissionais.

Bolsonaro também agrediu verbalmente jornalistas em 26 oportunidades. Além disso, fez duas ameaças diretas a jornalistas e dois ataques à Fenaj, totalizando 175 casos, o que corresponde a 40,89% do total, de acordo com o relatório da entidade.



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